A Vila de Óbidos volta a engalanar-se de letras e livros. De Poesia. De prosa. De pensamentos livres e esperançosos. De gente que ama e que sonha. E como é difícil amar e sonhar, em tempos de pouco amor e de ainda menos sonhos. Talvez os tempos acabem por ser todos iguais, enquanto nós vamos acreditando que o nosso é muito melhor, por vezes muito pior. Seja o tempo um pedaço de nada e resta o espaço. Esse é o mesmo. Uma bola quase perfeita, capaz de nos ir suportando ao correr dos redondos tics e tacs. A única coisa que
realmente muda, são as portas e janelas que nos permitem vislumbrar outros tempos. Os livros. São os livros que nos deixam entrar dentro de nós, o lugar onde vivem as crianças que fomos e os velhos que não queremos ser. Raramente nos encontramos com quem somos.
Esses são demasiado importantes para nos receber. São os livros que nos mudam o tempo, que nos fazem dar passos atrás, correr desenfreadamente para o que está por chegar, ou simplesmente encontrar um novo dia que acabou de nascer. Só isto já bastaria para que nunca acabassem os livros.
Porém, para que nunca acabem os livros é preciso que não matem os escritores e que não aprisionem os leitores. AVISO! Estamos em guerra! É preciso coragem! Os campos de batalha começam lá em casa, estendem-se pelas escolas, ruas e avenidas, vida fora.
Pensando melhor, a Vila de Óbidos volta a engalanar-se de… estandartes. De trombetas. De escudos e espadas. De generais emplumados e soldados, alguns arrasados. De letras e livros.
Estamos aquartelados na Casa José Saramago, sempre fiel e inspiradora. Claro que contamos convosco para unir fileiras e marchar em frente. No fim, estaremos todos mais fortes. O pôr-do-sol, que sempre ilumina os finais mais gloriosos, vai estar repleto de portas e janelas, abertas para novos tempos, para novos mundos.
Para melhores dias.
Ah! Venham sem pressa. Pois, como dizia alguém que agora está a construir uma livraria no céu, tudo o que é bom é feito devagar.
À Sabina Silva, à Joana Gaspar, ao Paulo Capinha e ao Zé Lopes, assim como a todas as pessoas que ao longo do ano vão ajudando a produzir o FOLIO Educa, deixo a minha profunda estima e admiração, pela dedicação e talento que entregam ao festival.
Paulo Santos
Curadoria FOLIO Educa