Na presente edição do FOLIO Educa, marcada pelo Poder, apetece-nos brincar com as palavras. Esse admirável tesouro que nos vai fortalecendo desde cada manhã que nos acorda, até cada noite que nos adormece. As palavras são poder. Mais do que isso, as palavras são o nosso superpoder. Com elas, destruímos e construímos. Somos ou deixamos de ser. Sem elas, nem sequer chegamos a existir.
A Educação é o reduto desse tal superpoder. As palavras, escritas, faladas, cantadas ou apenas pensadas. Como se pensar fosse coisa de somenos. Não. Pensar, não é coisa pouca. Desafiamos
quem nos visita a entrar no reino das palavras através de pequenos e curtos retoques de… Educação e Poder. Para que possamos ser.
Vamos mostra-lhe que Educação é poder… partilhar, inspirar, transformar, entender, sentir, acrescentar e tantas outras coisas mais. Incluir… é bom quando todos têm lugar. Inovar… nada como ir criando um mundo novo. Sabemos lá nós o que farão com estes onze dias de livros, debates, tertúlias, prosa e poesia, música e teatro, oficinas e ofícios e muita alegria por nos tornarmos a reencontrar entre muralhas.
Aconteça o que acontecer, queremos muito que no fim, um pouco mais educados, possamos tocar o universo que nos abraça, de olhos bem abertos, com o coração desperto e uma mente livre,
capaz de pensar um mundo melhor. Se assim for, teremos contribuído para que o FOLIO Educa cumpra um desígnio maior, educar o Poder. Pois, bem sabemos como o Poder procura tantas
vezes educar, nem que seja pela força das armas.
Daqui segue um apelo à Paz, onde quer que ela falte; envia-se um fraterno Abraço (vai com letra maiúscula porque os abraços se querem fortes e grandes) para o Brasil que celebra o seu bicentenário; e entrega-se um convite para que nos visite e acompanhe durante o festival literário de Óbidos.
Termino com um sincero agradecimento a todas as entidades nacionais e internacionais que gentilmente nos apoiaram e em especial a toda a equipa que com singular dedicação e talento vos oferece este Educa – a Joana Gaspar, a Sabina Silva, a Ana Matos, a Cláudia Pujol e o Pedro Luís.

Paulo Santos
Curadoria FOLIO Educa

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Incluir…

Ao longo de séculos todas as civilizações recorreram a práticas reguladoras face ao “diferente”. O modo como a Humanidade tem encarado as pessoas com deficiência e as minorias, tem sofrido grandes transformações ao longo das últimas décadas, muitas delas decorrentes das convulsões sociais, de reformulações das teorias educativas, ou de uma série de disposições legais históricas que tem por base um princípio simples: a SOCIEDADE deve estar à disposição de todos em igualdade de condições e é obrigação da comunidade proporcionar respostas adequadas às suas necessidades. Com esta premissa, a programação do FOLIO Inclusão tem como princípios a participação e a democratização para a construção de uma sociedade inclusiva.
Tendo por base o futuro de uma sociedade equitativa, pretendemos criar um debate ativo e reflexivo, cruzando a literatura acessível, a educação e a acessibilidade comunicacional, colocando o FOLIO e Óbidos na vanguarda da inclusão ao nível da literatura acessível.
Neste sentido, parte da programação do FOLIO Inclusão foi pensada, tendo por base a comunicação acessível e a literatura acessível, garantindo uma participação de todos, na construção de um
debate emergente sobre as questões da acessibilidade e da inclusão.
O FOLIO Inclusão, assume um papel de destaque na programação do FOLIO, através de uma programação pensada para as pessoas, valorizando a educação, a literatura e a música.
Através do FOLIO Inclusão pretende-se abrir caminho para uma Sociedade Inclusiva onde todos os cidadãos são de pleno direito, não pela sua igualdade, mas pela aceitação da sua diferença e
pela sua participação plena. Entende-se que inclusão e participação são essenciais à dignidade e ao pleno exercício dos DIREITOS HUMANOS.

Célia Sousa

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Inovar…

Power on. Chegou o Folio Tec. Não somos um capítulo apologético, muito menos apocalíptico, do Folio! Sendo a tecnologia digital parte integrante do nosso mundo, assumimos a transitoriedade
do nosso papel enquanto organizadores de um capítulo dedicado à tecnologia. Queremos que conheçam um outro lado de Óbidos… Um lado binário, de uns e zeros, de algoritmos e capacidade
de computação. Em Óbidos há um Parque Tecnológico e uma nuvem de mentes e soluções que se quer abrir à Cultura, porque gostamos do lado criativo e potencialmente libertador que a tecnologia possui.
O Folio Tec vai começar por partilhar pessoas e experiências e aprofundar um debate sobre os processos de criação contemporânea e como as ferramentas digitais os transformam. Ao mesmo tempo, irá debater como a palavra e o texto são parte integrante dos novos media, que complementam o papel histórico e irrepetível do livro. E queremos fazê-lo sem deixar de comentar desafios societais relevantes como o papel da tecnologia e, em particular, da inteligência artificial. Que biografias se criam sobre nós apenas pela forma como nos movimentamos digitalmente? Quais os reais perigos de condicionamento do pensamento universal numa era de profusão de acessos à informação, mas onde a procura e a escolha são suportadas por ferramentas de extraordinária capacidade de identificação ou… subjugação?
Dos poetry bots à criação literária para videojogos existem letras e palavras em tudo. Falamos diariamente de linguagens de programação, das suas diferenças e de como símbolos e letras são utilizados para cumprir missões e processos. Não deixa de ser curioso como num mundo de arquitetura digital e de ciência de dados, a linguagem é e será um fator vital de criação e comunicação.
Quando no FOLIO se fala do Poder este teria de ser o ano em que um novo capítulo se abre e o Parque Tecnológico teria de marcar presença. As nossas 40 empresas e cerca de 200 pessoas que trabalham em áreas tecnológicas e criativas colocam-nos nessa fasquia. Sejamos também um gerador de ideias desafiadoras para que o FOLIO, também nesta área, seja um espaço de reflexão livre e ousado.

Miguel Silvestre