Faceta já consolidada do Festival Literário FOLIO, a Flexágono emerge como um espaço, sempre mutável, de divulgação e reflexão sobre a criação contemporânea nacional de banda desenhada e outros objectos de narrativas gráficas. Ciente da sua história social e estética próprias, a sua natureza viva transforma-se, expande-se e surpreende talvez apenas os seus leitores mais ocasionais.
Dando continuidade ao diálogo com os espaços em que é apresentada, este ano a Flexágono é albergada pelo MUSEU ABÍLIO. Não apenas o espólio desse artista multifacetado, que se expressou nas ditas Belas-Artes mas igualmente em variados campos das artes aplicadas, e em materialidades múltiplas, mas também a vontade da designer Maria José Salavisa, pioneira no entendimento e cruzamentos entre os espaços interiores e a luz, a vivência quotidiana informada pela beleza e o conceito, e o equilíbrio entre as formas formaram os princípios que presidiram à selecção de um grupo de artistas, entre veteranos e novos valores, que precisamente colocam em acção essas potencialidades do desenho, da narrativa visual, da expressão gráfica ao serviço do ensaio, da autobiografia, do desenho de campo, da exploração da memória, do gesto de resistência, da refabricação das tradições ou até de identidades.
Os trabalhos de Amanda Baeza, Daniela Viçoso, Dora Sidorenko, João Sequeira, José Feitor, Marco Mendes, Matilde Feitor, Ricardo Baptista, Rita Mota e Sofia Belém providenciam diálogos cambiantes através destes textos de uma magnífica diversidade de assinaturas e expressões, que convidaram a estimulantes leituras e entendimentos da banda desenhada e outros modos
de narrativa gráfica.
Duas mesas-redondas associadas aos temas da exposição terão lugar com Daniel Lima, Catarina Alfaro, Maria João Worm, Biakosta e Mantraste, moderadas pelo comissário da exposição, Pedro Moura.
Pedro Moura
Curadoria FOLIO BD